Frequentemente encontro posts com o título iPad x e-Reader ou Livro impresso x E-book. Uso todos, alternadamente, e aqui falo rapidamente da minha experiência sem pretender grandes comparações.
Sou uma leitora de fato e busco ler tudo o que me interessa. Se encontrar o que estiver buscando em formato impresso, e a um preço aceitável, não titubeio em comprar; e se encontrar em formato digital, desde que dentro da legalidade ou melhor ainda: a um preço justo, baixo sem hesitação, mas até 2011 eu lia basicamente só no laptop ou imprimia os PDFs para ler com mais conforto no papel, opção mais cara, mas nunca fiquei sem ler, o mais importante foi sempre ter acesso ao que eu quisesse.
Sou uma leitora de fato e busco ler tudo o que me interessa. Se encontrar o que estiver buscando em formato impresso, e a um preço aceitável, não titubeio em comprar; e se encontrar em formato digital, desde que dentro da legalidade ou melhor ainda: a um preço justo, baixo sem hesitação, mas até 2011 eu lia basicamente só no laptop ou imprimia os PDFs para ler com mais conforto no papel, opção mais cara, mas nunca fiquei sem ler, o mais importante foi sempre ter acesso ao que eu quisesse.
Então veio
a popularização dos e-readers e, com eles, a idéia de tornar os textos
acessíveis e livres de complicações em formato e-book. Como autora, logo pensei
que aquela seria a oportunidade de editar meus próprios escritos e fazer com que
eles estivessem disponíveis a quem desejasse lê-los, sem intermediários ou a
necessidade de qualquer contrato com editora ou em qualquer site. Ou seja:
independência era e continua sendo para mim o mais importante e por causa disso
comprei um iPad: para testar a visualização dos meus próprios e-books, que
produzo com softwares livres e também softwares da Apple, mas o livro digital, ao que parece, ainda não
decolou no Brasil. É uma pena!
Versão do Don Quijote para o iPad - pode ser baixada gratuitamente no iBookstore.
Mas o
problema do Brasil é outro, a meu ver, e que passa pela (falta de) instrução, o que
explicaria em parte o número modesto de pessoas que se dizem leitoras no país.
Outro problema mais grave, e aqui falo da minha experiência quando
vivia lá, é o alto custo e a falta de acesso – sim, livro continua sendo artigo
de luxo para a maioria da população, principalmente para os que precisam mais
dele e até fariam muito bom proveito se tivessem acesso a bibliotecas com um
vasto e bom acervo, o que ainda é muito raro de se encontrar em várias cidades
brasileiras. Já me disseram que estou enganada quanto à acessibilidade como fator principal, mas, quem saberá? Se eu não
tivesse tido acesso a bibliotecas de outras pessoas, jamais teria me
interessado por livros e não seria quem hoje sou, disto tenho certeza.
Pois bem,
ler num iPad era muito mais confortável do que ler num laptop, de modo que, sem
perceber, minha biblioteca digital quadriplicou rapidamente, isso porque
descobri sites em que se pode baixar obras de domínio público legalmente ou
mesmo autores contemporâneos que disponibilizam seus textos gratuitamente em
formato digital.
Meu sonho
então de um dia poder montar uma biblioteca coletiva e de acesso livre
materializou-se no formato e-book: Quintextos.
Tem muita gente que não acredita nem dá valor ao gratuito, e eu lamento muito
essa forma de pensar, mas respeito quem a tem. E para produzir e-books compatíveis
com outros dispositivos comprei um e-reader.
Decidi-me
por um Tolino desta vez, justamente por não me obrigar a baixar livros de um
site apenas, como ocorre com o Kindle e outros e-readers baseados em formatos proprietários. Desde
que o e-book esteja em certos formatos abertos, dentre eles ePub e PDF, e que
esteja livre do tal DRM (mecanismo de proteção anti-cópia), posso baixá-lo e
carregar no Tolino sem problemas. Para gerenciamento da biblioteca, o
fabricante recomenda o uso o Adobe Digital Editions, que é gratuito e por ser compatível
com o mecanismo de DRM permite, em teoria, a compra de e-books em sites que
trabalhem com tal mecanismo. Eu ainda não experimentei a compra a partir do
Tolino, de modo que não tenho muito o que dizer neste ponto. Outra opção de
gerenciamento de biblioteca digital seria o Calibre, software livre por muitos
considerado o melhor da categoria e que tem outras funções também, mas deixo a
descoberta a seu engargo.
Eis um
resumo da minha experiência com o iPad e o Tolino:
1) PDF eu
prefiro ler no iPad, pelas facilidades de navegação do iBooks, programa que
permite a leitura de e-books no iPad.
2) O iPad é
mais rápido, mas há que se considerar que um tablet tem n-funções e um e-reader
foi feito basicamente só para ler, e quanto menos funções tiver, mais
concentração na leitura poderá proporcionar, requisito indispensável para
leitores com o meu perfil. Uso meu tablet somente para leitura. Minha filha usa
uns apps para colorir e montar quebra-cabeças de vez em quando, mas também é
só.
3) O iPad trabalha com formatos proprietários; já
o Tolino, com formatos livres.
4) O Tolino é
mais leve e portátil, por causa do e-ink, permite a leitura em qualquer
ambiente, iluminado ou não. Já o iPad causa desconforto neste sentido, pesa
muito mais que o Tolino e tem quase o dobro do tamanho (o meu iPad não é mini,
é um modelo mais antigo).
5) Tolino foi
muito mais barato que um iPad, claro; justificado pelas distintas ofertas de
funções.
6) As baterias
de ambos duram bastante, pois ler não consome tanto quanto outras funções, mas
a do Tolino dura muito muito mais, porém isso pode depender da quantidade e dos
hábitos de leitura de cada usuário. Eu costumo ter o e-reader na bolsa para ler
em qualquer oportunidade durante o dia e quando não o estou usando, mantenho-o
desligado.
Vantagem
imbatível de ambos: com eles tenho acesso e posso ler com o mesmo conforto do
papel incontáveis obras, disponibilizadas legal e gratuitamente na internet, obras
das quais autores de gerações mais recentes dificilmente chegarão aos pés. Mas
pouca gente valoriza isso e com tristeza testemunho tantos boicotes ao e-book e
ao e-reader. Esquecem-se de que o Renascimento e o o Iluminismo só ocorreu
porque o livro tornou-se acessível às populações. E é claro, sigo lendo normalmente também
em papel, desde que me cobrem um preço justo por cada versão.
iPad, papel
e Tolino: combinados os sentidos estou muito satisfeita com todos, e lendo
muito, muito mais!
© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
Helena, como você uso todas as formas de leitura. Tenho o iPad, um ereader da Sony e um Kindle. E lá vou eu baixando o que for possível. Inclusive, por questão de espaço físico, estou transformando, aos poucos, minha biblioteca em virtual. Também prefiro ler no iPad os livros em PDF, é mais confortável. E ando com os dois readers na bolsa!
ResponderExcluirBaixei tudo que tem lá no Quintextos, e agradeço esta sua iniciativa, que me proporcionou conhecer novos autores.
ResponderExcluir"...não importa como chega a informação, o importante é a capacidade de absorve-la e traze-la pra nossa vida, só assim e informação imortal de vida pode ser passada por gerações, seja esculpido em pedra, gravado em folhas ou em pulsos de energia, o que preciso é da informação, e minha unica preocupação e em aumentar minha capacidade de absorção..."
ResponderExcluir...trecho de "Uma esponja".
Olá, The Crow ;-) Se a imagem da esponja é positiva ou negativa... não entro nesta questão, deixo que quem vier a ler estes comentários tire suas próprias conclusões. Seguinte: o cérebro humano não conhece o significado de 'não absorver', a cada milésimo de segundo estamos absorvendo algo, quer tenhamos consciência ou não disso. Eu vejo a leitura antes de mais nada como um jogo gostoso, algo que me dá muito prazer, porque se eu fosse forçada a ler por certo odiaria os livros, ou se eu nunca tivesse escapado da maldição da decoreba, técnica que leva pessoas a reterem informação sem critério ou vivência e por isso mesmo o tempo passa e apaga tudo, justamente porque não deixou nada no cérebro, nem uma coceira, nem uma marca. Mas eu leio (e acho que leio até pouco, queria poder ler muito mais) porque eu gosto, como tem gente que opta por outras formas de satisfação, e porque ler é a minha opção consciente de alimentar o desejo constante que o cérebro humano tem de processamento. A leitura deixa marcas no leitor e se alguém disser que passou a vida 'lendo' e nunca vivenciou nada em suas leituras que o tivesse feito mudar, ou é porque só leu bobagem ou porque nunca aprendeu a ler de verdade. Obrigada por seu comentário, volte sempre!
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